Adhocracy (Português)

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1 Visão Geral

Em geral, algumas pessoas ou grupos devido ao ego e fraqueza em certo tipos de organizações como a meritocracia, assumem funções como protagonistas e lugares de melhor destaque ou posições hierárquicas ou de qualquer espécie; e para isso, esse tipo de pessoas ou grupos usam todos os atributos necessários para o seu favor, mesmo para começar fazer parte de um lugar privilegiado para provar o maior impacto e desempenho nos seus serviços ou funções, porque tem os melhores argumentos, a melhor retórica, etc. Mas eles sem perceber, ou pior, em plena consciência disso, geram um individualismo e egoísmo que pode atingir graus patológicos, e o que é pior, gerar uma divisão a nível de grupo onde apenas o individualismo é o mais importante como meta de autoafirmação e idolatria.

No entanto, a Adocracia é uma forma de autogestão que tende para o anarquismo mágico. Em um estado de Adocracia, as tarefas são executadas por si só, não há atrito entre as pessoas, não há hierarquia, burocracia, comissões ou montagem. Todas as pessoas são felizes na adocracia e se envolvem naquilo em que lhes interessa.

Grupos ou participantes de uma organização adocratica no seu sentido mais profundo, obtém como resultado, uma união fraterna em todas as atividades, e até mesmo torna-se um modo de vida onde tudo é feito adquirindo uma dimensão favorável para a comunidade, alcançando o melhor desempenho como equipe. Portanto, se o exercício da adocracia é atingido no mais profundo significado do seu ser, ele pode obter a graça avaliável de transcender a última fronteira que o homem precisa para chegar, que é transcender do ego "eu" para o "nós".

Claro que isso é o que nós acreditamos se todos os grupos ou participantes trabalham adocraticamente, mas nem sempre parecem ser assim. Estes artigos são reflexões e tentativas de soluções para alguns problemas comuns na adocracia.

2 Qual é o significado sobre a Adocracia

A Adocracia é uma forma de organização que tenta minimizar o tempo gastado para a própria organização, para se dedicar esse tempo para os objetivos da mesma. Outro nome para a Adocracia poderia ser fazercracia: "Se você acha que precisa fazer alguma coisa, é só ir e fazer".

O princípio seria "o consenso aproximado e o código de execução", isto é, um vago consenso sobre se o que deve ser feito é adequado para o grupo, acompanhado por sua demonstração prática. Ninguém se importa com as opiniões, porque o foco é sobre a realização de ideias e resolver problemas.

Na verdade, é converter a energia necessária para tomar uma decisão sobre a realização dessas ideias. O oposto disso é conhecido como bikeshedding.

Na Adocracia há uma ideia geral de onde as coisas estão indo ou não! Na Adocracia espera-se que caso você consiga achar um problema, não perca o tempo tentando convencer aos outros que você está certo, e sim dizer o “que”, “como” e “quando” é que você vai resolver-los. Se alguém for ajudá-lo, ótimo, caso contrario, faça por conta própria, a não ser que alguém esteja completamente em contra e que esteja certo.

O importante aqui é se divertir e não lutar desnecessariamente.

Os órgãos de decisão são minimizados, mas isso não significa que não há comunicação, somente muda o objetivo com que as coisas são propostas.

Por exemplo, existem jeitos de falar que não são bem-vindos, como qualquer frase que começa como por exemplo, "... deveria", "teria que ...", "seria bom ..." porque indicam que você tem uma ideia mas não tem vontade de fazer. Ou seja, você quer que eles façam isso para você. O pior seria "teria que ...", mas não porque isto parece dar uma impressão de imposição, e sim porque você está expressando de um jeito que faz sentir pra todo mundo que você não é parte do grupo.

3 Bikeshedding

Bikeshedding é o ato de discutir detalhes mundanos ou banais em ordem (deliberada ou inconsciente) de adiar tarefas. É um dos principais problemas da Adocracia. O bike-shedder é reconhecido imediatamente, porque o locutor adiciona dificuldade desnecessária para uma tarefa simples ou usando um “nós” inclusivo mas indeterminado, resultando que a tarefa não seja atribuída a ninguém, geralmente com as declarações de "devemos ...", "deve ser ... ", etc.

3.1 História

O texto a seguir foi originalmente usado para explicar esse comportamento:

3.1.1 Por que eu deveria me importar com a cor do bicicletário?

A resposta curta é que não deveria. A resposta mais ou menos longa é que não significa que você seja capacitado para construir um bicicletário, tenha que evitar que as outras pessoas possam construir um, somente porque você não gosta da cor que eles pretendem pintar. É uma metáfora que indica que não é necessário ficar argumentando sobre cada pequeno detalhe só porque você sabe o suficiente da situação. Algumas pessoas comentaram que a quantidade de barulho gerado por uma alteração é inversamente proporcional à complexidade da mudança.

Esse fenômeno, também chamado de Lei de Parkinson da Banalidade sugere que a maioria das pessoas pensam, discutem e contestam muito sobre coisas mundanas ou banais em que eles se sentem capacitados para fazer (como um bicicletário) e não sobre coisas realmente difíceis nas quais possivelmente não compreendem todas as suas implicações (tais como uma usina de energia nuclear, no exemplo original).

Isso faz chegar a um consenso difícil ou impossível. Aqui nós acreditamos que agir adocraticamente sobre os assuntos banais, mundanos e reversíveis diminui a dificuldade do mesmo.

3.2 Como resolver

Pergunte amavelmente ao bike-sheeder ser responsável por aquilo que ele/a está propondo :)

Duas coisas podem acontecer aqui:

  • Ele/a repara que esta fazendo bikeshedding e faz a tarefa.
  • Simplesmente não faz nada.

As duas coisas estão bem. :)

4 Gestão de pessoas esquentadas

A coisa mais importante em um grupo adocratico é que existam pessoas envolvidas com o desejo e tempo nele. Há pessoas com mais ou menos tempo, vontade e envolvimento.

Tudo isso não deve importar ou ser medido, como na meritocracia. O importante é que você esteja quando diz que vai estar.

No entanto, existem pessoas que se sobrecarregam muitas tarefas nas costas e logo se esquentam. O importante na Adocracia é saber gerenciar as pessoas esquentadas para evitar brigas, separações e desmotivação das pessoas que não estão envolvidas no assunto.

Sempre temos que lembrar que na Adocracia não somos os campeões da revolução, porque ninguém vai fazer um cartaz soviético caso seja num tom de brincadeira. Além disso, se alguém se sente o herói ou a heroína do grupo, então faz um cartaz com a cara dele/a :)

4.1 Como descubrir as pessoas esquentadas

Quando um/a participante começa a reclamar de que não recebe ajuda nas tarefas que ele/a autoatribuiu, é porque ele/a está começando a se esquentar.

Quando aparecem as discussões sobre quem tem a maior lista de tarefas incompletas, temos que chegar perto pra começar a procurar uma que saibamos todos.

4.2 Prevenção de pessoas esquentadas

Tais problemas sempre surgem com as tarefas de manutenção.

Ninguém gosta de tarefas repetitivas e chatas em um grupo adocratico, por isso sempre temos que tratar de distribuir. Isso não significa atribuir determinadas tarefas a uma pessoa ou comissão. O que se precisa fazer é pegar as tarefas chatas entre todos os participantes, para que ninguém tenha que perder tempo fazendo manutenção quando poderíamos estar fazendo coisas legais.

Distribuir as tarefas também significa tomar cuidado a quem se encarrega sempre da mesma coisa porque considera isso de vital importância, neste caso temos que tratar de relegar. Não há necessidade de que reclame, mas se ele/a reclama é porque alguma coisa que deixamos passar sem perceber.

Ao contrario de ficar reclamando porque sempre tem que fazer a mesma coisa, apresente o problema para todos, assim desse jeito podemos conseguir que alguém possa ajudá-lo ou se encarregue disso por você. As vezes uma solução é deixar aquilo que você já não possa fazer. Se alguém não se ocupa dele é porque isso não era tão necessário.

4.3 Gerenciando as pessoas esquentadas

Se tudo dito acima falhou e uma pessoa se esquentou, o grupo tem que relegar imediatamente tudo o que ele/a está fazendo, mesmo se ele/a não querer que isso aconteça. Às vezes é difícil perceber que estamos fazendo mais do que podemos e começar a liberar coisas que não dão mais vontade de fazer.

5 Gerações e panelinhas

Os grupos podem ser abertos ou fechados, mas sempre há intercâmbios de pessoas. Alguns não podem participar mais, outros se aproximam e querem começar a participar.

Um dos principais problemas dos grupos horizontais ou não-hierárquicos são as gerações de participantes. Ao prevalecer as relações fraternas, há o risco de impedir implicitamente a participação de novos participantes porque eles não compartilham as mesmas anedotas e formas de trabalho que já estão no grupo desde a sua criação.

Os novos participantes devem ter pelo menos uma companhia, uma sombra, ao qual possam acudir em caso de dúvidas sobre o funcionamento do grupo.

Quando os novos participantes não entendem o que está acontecendo, eles preferem dedicar-se em outra coisa. É uma questão de avaliar se o grupo quer crescer, ser inclusivo ou permanecer como está.

5.1 Panelinhas

Os grupos têm de estar cientes de que, eventualmente, formam panelinhas. Não se trata de grupos que operam a partir do escuro para controlar o grupo ou ordens inferiores, mas sim de pessoas que se dão melhor uns com os outros do que com outros; que compartilham estreitas relações de amizade e que além do mais, compartilham visões e pontos de vista do grupo, seus problemas e como resolver eles.

As Panelinhas pode começar a tomar-se a si mesmas como representantes do grupo e tomar consensos informais por conta própria. O problema surge quando essas decisões são tomadas sem ter sido comunicados com o grupo, porque não foi percebido que isso está em falta.

Isso resulta em outras pessoas a sensação de que a sua participação não é bem-vinda ou desnecessária, deixando de participar e dar razões para as panelinhas continuarem assim.

Se você faz parte de uma panelinha, lembre-se que uma conversa com cervejas para falar do assunto que está acontecendo no grupo é uma avaliação parcial que não inclui aqueles que não estão.

Dito isto, não é necessário poder ser amigo de todo mundo, mas pelo menos ser aberto, comunicar-se e estar ciente que embora o grupo não seja hierárquico, existem relações de poder que não podemos ignorar.